André Ventura mostra mealheiro com moedas de um cêntimo recolhidas pelos polícias para entregar ao primeiro-ministro

O parlamento está, esta quinta-feira, a debater propostas para o suplemento de missão de polícias. O debate foi agendado pelo Chega, que propõe um suplemento de missão único para PSP, GNR e guardas prisionais, pago mensalmente em 14 vezes e indexado a 19,6% do vencimento do diretor nacional da PSP e do comandante-geral da GNR.

Durante a abertura do debate, o líder do Chega, André Ventura, pediu desculpa aos polícias pela forma como têm sido tratados e afirmou que os “os polícias não querem cêntimos, querem dignidade”.

“Viemos para corrigir as injustiças históricas”, afirmou André Ventura.

Logo após o discurso de André Ventura, vários deputados manifestaram-se sobre as longas filas de polícias que esperam para entrar na Assembleia da República para poderem assistir ao debate. Os partidos trocaram acusações e Aguiar Branco insistiu que “não há nenhuma situação especial na entrada para as galerias em comparação com outro dia normal”.

Vários polícias gritam “vergonha” enquanto esperam para entrar.

António Filipe do PCP criticou o antigo governo socialista, afirmando que “ao aumentar o subsídio da PJ, fez com que uma medida justa criasse uma injustiça”.

O PCP propõe fixar o suplemento em 200 euros este ano, aumentar para 300 euros em janeiro de 2025 e avançar para os 450 euros em janeiro de 2026.

Inês Sousa Real apresentou a proposta do PAN, que propõe um suplemento de risco dividido por três categorias: 10% para oficiais, 12% para chefes e sargentos e 15% para agentes e guardas. O valor deve ser calculado com base no ordenado do diretor nacional da PSP e do comandante-geral da GNR.

A deputada lembrou que “os profissionais não precisam de números políticos feitos em cima do joelho mas sim de propostas com pés e cabeça”.

André Ventura mencionou a possibilidade de se suspender a sessão plenária até que todos entrem.

Fabian Figueiredo do BE considera que “trabalhar para o Estado não pode ser só suor e farda, tem de ser salário justo e tempo para viver”.

Nuno Gabriel do Chega acusou o BE de “andar de mãos dadas com a bandidagem” e pediu que Mariana Mortágua “tenha vergonha da forma como fala da polícia”.

Isabel Moreira, do PS, acusa Luís Montenegro de criar um bloqueio aos suplementos das polícias e recorda que o primeiro-ministro Luís Montenegro chegou a dizer que não dá “nem mais um cêntimo” para as forças de segurança.

António Rodrigues, do PSDrefere que o Chega está a trazer ao de cima a discussão dos polícias para ver se consegue reunir mais eleitorado e para quebrar o impacto da descida que o partido teve nas últimas eleições. O social-democrata garante que o Governo tem trabalhado para dar respostas concretas às forças de segurança e que a proposta que está a ser negociada “é justa”. “De forma estruturada e real, estamos reunidos para resolver as questões”, disse.

“O Chega leva as pessoas para a rua para as tentar enganar”, apontou.

“Esta questão foi tornada partidária, não é uma questão política. Ao contrário do que fazem querer as negociações não estão fechadas. O Chega promete resolver, mas não vai fazer nada”, disse.

Após a intervenção de António Rodrigues, André Ventura tomou a palavra para dizer que em três meses de Governo “foi feito zero”. Durante o discurso, o líder do Chega pegou num mealheiro com cêntimos e disse “não é isto que as forças de segurança querem”. As moedas de um cêntimo foram recolhidas pelos polícias para entregar ao primeiro-ministro.

“O senhor deputado não acompanha as negociações, bastava ler os jornais”, respondeu António Rodrigues.

João Almeida, do CDS-PP, aproveitou a intervenção para marcar o ponto: “Nenhum guarda ou polícia merece a instrumentalização que este debate teve”.

“Estão a fingir ter dignidade. A desrespeitar as forças de segurança”, sublinhou.

Para o deputado, se o que está em causa é a dignidade das forças de segurança, em primeiro lugar aquilo que tem que ser feito é punir de forma mais severa quem comete crimes contra estes profissionais.